quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Trecho do Livro: Almanaque dos Carros Antigos

O começo do século XX foi marcado pela ousadia e visão de futuro de um americano, que faria história no cenário da indústria automotiva. Ele era o empresário William Billy Crapo Durant (1861-1947), que decidiu mudar seu ramo de atividade. Empreendedor de sucesso e famoso pela sua companhia Durant-Dort Carriage Company, a maior fabricante de carrocerias para carruagens dos Estados Unidos, Durant percebe o potencial do mercado de automóveis e resolve investir nele. Deixando para trás uma carreira de sucesso, na qual chegara a vender 50 mil carrocerias por ano, ele funda a Buick Motor Car Company em 1903, em Flint, no Estado de Michigan.

Em 1908, a Buick é incorporada a um conglomerado maior, que reuniria diversas empresas, e passa a ser chamado de General Motors. A partir de então a empresa tornou-se mundialmente conhecida pela sigla “GM”. Até 1910, foram adquiridas outras 24 empresas. Nesse mesmo ano, devido a dificuldades financeiras e de organização, William Durant é obrigado a deixar a GM, e então é que começa a história da Chevrolet.

Em parceria com o piloto suíço Louis Joseph Chevrolet, Durant inaugura a empresa que leva o último nome do seu colega, a Chevrolet Motor Car Company of Michigan, em 1911. Louis estreara seis anos antes no automobilismo e já havia corrido pela Buick, o que o aproximou de Durant. Logo no ano seguinte ao da fundação, em 1912, é lançado o Clássico Seis, o primeiro carro da marca. Em menos de cinco anos de existência, em 1915, a Chevrolet já tinha alcance nacional e diversas unidades de venda e fabricação nos Estados Unidos e no Canadá, o que lhe permitiu novos investimentos a partir de então.

Muitas montadoras se instalaram aqui no Brasil na primeira metade do século XX, e com a Chevrolet não podia ser diferente. Em 26 de janeiro de 1925 é registrada, no 2o Tabelionato de São Paulo, a Companhia Geral de Motores S.A., com sede na Av. Presidente Wilson, no bairro do Ipiranga, na capital paulista. Pouco tempo depois, o nome é mudado e a empresa passa a se chamar General Motors of Brazil (GMB). No mesmo ano o país conhece o primeiro Chevrolet montado aqui: um furgão de entregas urbanas. Três anos depois a marca já comemorava 25 mil veículos vendidos e começava a construção da fábrica de São Caetano do Sul, que seria inaugurada em 1930. Em 1932, foi produzido o primeiro ônibus com carroceria nacional.

No período da Segunda Guerra Mundial, de 1939 a 1945, a GMB participa do esforço militar com material bélico e a Chevrolet produz mais de dois mil veículos movidos a gasogênio. Já em 1952, a Chevrolet atingia a marca de 250 mil automóveis vendidos no país. No ano seguinte são comprados 70 alqueires de terreno na cidade de São José dos Campos, interior de São Paulo, onde mais tarde viria a ser uma fábrica de motores. Em 1958, foi entregue o primeiro motor fabricado no Brasil. A partir de então, os motores dos Chevrolet Amazonas (caminhoneta) e Brasil (pick up) passaram a ser produção nacional.

Em 1966, a Chevrolet anuncia a expansão das suas duas fábricas para a produção de um carro de passageiros. Com linhas e mecânica inspiradas no Opel Rekord C, o Opala foi um marco na história da GMB por ter sido o primeiro carro de passeio nacional, lançado em 1968. Já um ano mais tarde chega ao mercado o Chevrolet D-70, caminhão de pequeno porte. Ainda em 1970, teve início o plano de fabricação de um carro de pequeno porte, o Chevette, com 68 cv de potência. Inspirado no Opel Kadett, só foi apresentado ao público e colocado à venda em abril de 1973. Nesse ano foram lançados ainda o Opala SS (de motor 4 cilindros) e o Automático (de 4 ou 6 cilindros).

As novidades não paravam de chegar para a linha Opala. Em 1974, chegavam as versões Comodoro e Caravan, e em novembro do ano seguinte o Opala 250-S. Apenas dois meses mais tarde, em janeiro de 1976, é lançado o Chevette GP durante o Grande Prêmio de Fórmula 1, em Interlagos, apelo que deu muito certo entre a camada mais jovem. Em 1978, chegaram muitos novos modelos, como a Caravan Comodoro, Novo Chevette GP, Chevette 4 portas, Pick Up D10, C100, C-24 ou C-25 com motor de 6 cilindros. Em 1979, a GMB abre o Consórcio Nacional Chevrolet, e os lançamentos do ano foram a Veraneio, a Pick Up A-10 e o Chevette Hatch. Chegavam também, em setembro, os motores a álcool, e no ano seguinte o primeiro Chevette com esse motor.

Os caminhões só começam a rodar com álcool em 1981, mesmo ano em que a General Motors do Brasil é eleita a primeira empresa automobilística do mundo em índice de qualidade, e que o Chevette Hatch recebe o título de “carro do ano” pela revista Auto-Esporte. No ano seguinte é lançado o Monza, que já em 1984 seria líder de vendas, com mais de 53 mil unidades vendidas. Em março, a fábrica de São José dos Campos completava 25 anos. Em 1989, é apresentado à imprensa, no Rio de Janeiro, o Kadett e sua versão “weekend”, o Kadett Ipanema. Em 1990, chega o Kadett Turim, o Opala 91 e o Monza Classic SE 500, com injeção eletrônica, uma grande novidade para a época.

Para os fãs da linha Opala o ano de 1992 foi triste, com o fim da sua produção, após 23 anos de fabricação ininterrupta. Em seu lugar entrou o Chevrolet Omega. Além dele, houve outros lançamentos naquele ano, como o Chevrolet Junior, com motor 1.0, e a Pick Up Conquest. Em 1994, chega a linha Corsa, com as versões Wind 1.0, GL 1.4 e GSI 1.6 com 16V. Também são apresentados o Omega Táxi movido a gás natural e o Astra GLS hatchback, que era importado. No ano seguinte mais novidades com a chegada da Pick Up S-10, a primeira do segmento compacto produzida no país, a Pick Up Corsa GL 1.6, o Astra Station Wagon (importado), o utilitário Blazer e o Corsa Sedã GL e GLS 1.6 com 92 cv de potência. Ainda em 1995 a Chevrolet se torna a primeira montadora da América Latina a receber o certificado da norma ISO para suas fábricas de São Caetano do Sul e São José dos Campos.

Em 1996, chega o Vectra da nova geração, e na mesma época o Kadett GSI, o Omega Suprema e o Monza deixam de ser produzidos. Em contrapartida, um ano depois é lançado o Corsa Wagon GL 1.6, a Pick Up Silverado e o Corsa Sedã com transmissão automática de quatro marchas. As importações crescem e em 1998 começam a ser vendidos o Cupê 2+2 Tigra, da Opel espanhola, o Omega CD, da GM-Holden da Austrália e a Grand Blazer, da GM argentina. Foram também lançados o Corsa Super, sedã 1.0 de quatro portas, e a Blazer com tração nas quatro rodas. Em julho daquele ano se encerraria a produção do Omega nacional. A Pick Up S-10 ganha a versão Executive 4×2 com cabine dupla em 1999, mesmo ano em que a fábrica de São José dos Campos completava 40 anos.

O ano de 2000 foi, definitivamente, um dos mais movimentados da montadora. São lançados o Corsa Super, com motor MPFI de 8V e 92 cv, nas versões hatchback, sedã e wagon e a linha Vectra Challenge, em virtude da temporada de Stock Car. No Salão do Automóvel daquele ano são apresentados os modelos S-10 e Blazer 2001, com exterior remodelado e novos motores, e para a comemoração dos 500 anos do Brasil chega a série especial Astra 500. Completando os lançamentos, chega o novo Celta, que disputaria na categoria dos carros populares. Esse também foi o ano em que a Chevrolet completou 75 anos de atividades no país e abriu uma exposição no Museu Paulista da USP, contando a sua trajetória até então. Para terminar bem o ano, a montadora recebeu o prêmio da revista Autodata de “Melhor Montadora do Ano”, segundo escolha dos próprios leitores.

Em apenas um ano, as vendas do Celta atingem a marca de 100 mil unidades. Também em 2001 é lançada a Zafira e o Astra sedã a álcool, voltado principalmente para taxistas, frotistas e transporte de oficiais. No ano seguinte, o Corsa sedã, lançado em 1995, é rebatizado como Corsa Classic e ganha motor VHC (Very High Compression). Também chega ao mercado outro monovolume, o Meriva, com motor 1.8 a gasolina. E para os consumidores uma vantagem: agora a Chevrolet permitia a conversão do motor a álcool para GNV sem perda de garantia. No fim de 2002, em outubro, o Celta registra outra marca, a de 200 mil unidades vendidas.

Em 2004, a carroceria do Vectra, depois de quatro anos de utilização, é substituída pela do Astra sedã nas provas do Chevrolet Stock Car V8, principal categoria do automobilismo brasileiro. Também foi incorporado o motor Flexpower ao Astra 2.0 e à Zafira. Nesse mesmo ano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebe, no Palácio do Planalto, o chairman e presidente mundial da GM, Rick Wagoner, que comunicou a decisão de investir 240 milhões de dólares no Complexo Industrial Automotivo de Gravataí (CIAG), no Rio Grande do Sul, onde é produzido o Chevrolet Celta. E em dezembro, a GMB encerra o ano, pela primeira vez em sua história no país, como líder de vendas total do mercado automobilístico.

Ao longo dos seus 84 anos de história, a Chevrolet construiu uma trajetória de sucesso e com seus modelos conseguiu a empatia do público brasileiro. Seus clássicos continuam a juntar fãs de todas as idades e assim também acontece com os modelos mais modernos. E ano após ano, continua se confirmando como uma das maiores marcas da história do automobilismo mundial.


Autor: Fábio Kataoka e vários escritores
Editora: Leitura
ISBN: 9788573588972

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